segunda-feira, 31 de dezembro de 2018

FINALMENTE O FIM! INEVITAVELMENTE UM RECOMEÇO...


Em 2016 postei uma foto nas rdes sociais dizendo que o ano estava em nossas mãos, agora sinto que 2019 está em nossos pés, talvez nem tão bonitos ou poéticos como as mãos mas fundamentais na jornada árdua que se inicia, é hora de olhar para nossas bases e ficarmos atentos aos caminhos que estamos seguindo.



 Não sei o quanto é bom ou ruim, mas finalmente chegamos a um ano novo. Não falo é claro da passagem de 2018 para 2019, não se trata de uma data no calendário, dessa vez (me parece) a coisa toda vai ser diferente, queiramos ou não, gostemos ou não. Um bom exemplo é a guinada política que o Brasil e o mundo está sofrendo, fenômeno que sepultou de vez em 2018 os últimos fiapos de certeza que eu poderia ter, acho que foi assim pra muita gente, talvez pra todo mundo, mesmo que de maneiras muito distintas.
 Quando todo nosso microcosmo vem a ruir, jogando os escombros nos nossos pés e poeira em nossos olhos a aflição da perda é inevitável, precisamos recuar, silenciar e até fechar os olhos por alguns instantes, mas quando a poeira baixa e a pilha de destroços se estabiliza, podemos subir nela e olhar em volta, num ponto de vista que não seria alcançado de outra maneira, é preciso reconstruir tudo, não há outra opção, não se trata de mera resignação, é algo maior que todos nós, que todas as instituições...
 Desde a revolução industrial até a "pós-verdade", fomos gradualmente nos afastando da noção óbvia de que fazemos parte da natureza, tanto como indivíduos quanto como sociedade, e nos esquecemos que todos os fenômenos de transformação social, política e econômica também são reflexos dos ciclos e leis que regem todo o universo, dos vermes às constelações. É claro que não devemos "naturalizar" as desigualdades sociais e econômicas, as políticas espúrias e todas as suas consequências nefastas, se trata de compreender que os ciclos de vida e morte são inexoráveis e aplicáveis a tudo! O que, é claro, não nos coloca numa jornada pré-determinada e fatalista, nosso poder de co-criação da realidade é infinito, mas ele só pode se manifestar no palco cíclico da existência, desse modo, o máximo que podemos fazer é desempenhar o nosso papel da maneira  mais criativa e harmônica possível, conscientes da nossa finitude, sabendo que inevitavelmente as cortinas se fecham e as luzes se apagam, e depois não há como voltar a cena, acertar as marcações e corrigir a intenção, é um espetáculo de única apresentação, talvez voltemos um dia ao mesmo palco, mas nunca mais com a mesma peça.

 É fim de ano, fim do mundo, fim do caminho, um resto de toco, um pouco sozinho... E que bom! 

 O que não termina nunca tem a chance de recomeçar, chega de hiatos, chega de espera, chega de adiar, não há mais jeito de dissimular e nem é direito alguém recusar, é preciso viver e deixar morrer!

 E depois de parafrasear canções, a única coisa que posso fazer é desejar... Feliz Ano Novo, se não feliz, pelo menos novo.

terça-feira, 18 de setembro de 2018

UM ESBOÇO DE JUSTIÇA?



Depois de mais um longo inverno, aqui no sul do Brasil onde as brasas que nomeiam a nação não nos aquecem com frequência, retomo as postagens aqui no blog, para a que a constância desses meus registros virtuais me ajude a salvar das cinzas minha própria memoria, diferente do que fizemos com o Museu Nacional, para tal apresento agora um esboço despretensioso do "arquetipo da justiça", frágil e inconcluso, mas ainda assim contundente, como a reticente primavera que se aproxima, e começa no próximo dia 22/09, meu aniversário, quem sabe esse novo ciclo que se inicia seja de fato um momento de ajustamento.

domingo, 31 de dezembro de 2017

O FAROL, A ENXURRADA E O MAR...




Depois de quase quatro meses em silêncio volto aqui pra falar do que vivi e de tudo que aconteceu comigo, por que, como compôs Belchior e cantou Elis, viver é melhor que sonhar e eu sei que o amor é uma coisa boa... 

No último dia de 2017 celebro a rebeldia esperançosa, que me tomou nos últimos meses e mais que um novo endereço, me rendeu a certeza de que o único caminho é seguir pelo fluir da vida, o que nem sempre acontece como um riacho tranquilo, por vezes é preciso de uma enxurrada de caos, pedras e lama. Sufocado em meio a uma represa estagnada, que cada vez mais se parecia com um lodaçal viscoso e morto, transbordei minhas próprias margens e renasci num mar, mais limpo e livre, ainda que desconhecido e misterioso, sinto que aqui sim, o vento pode me levar até qualquer porto, em qualquer um dos quatro cantos do mundo.

Atento aos faróis de sabedoria sigo navegando, até mesmo em terra firme, honrando meu nome de descobridor.


Farol do Saber - Biblioteca Khalil Gibran - Curitiba PR




quinta-feira, 3 de agosto de 2017

SÉRIE ESPELHO


Os  desenhos apresentados aqui são os quatro elementos que compõe uma micro série produzida entre maio e junho de 2017, batizada de Série Espelho, tal título em muito se deve ao período em que ela foi produzida, um momento  de certa adversidade  que promoveu profunda reflexão, onde  me propus a ficar diante do “espelho da alma”, na busca de uma imagem interior mais profunda e essencial, tanto no ofício de artista quanto como no ser humano, consequentemente acabei manifestando-a em criações visuais, bem como investigando a miríade de  repercussões  que tal busca provocou (e pode vir a provocar) em minha vida cotidiana, quem sabe assim criando um ciclo virtuoso de retroalimentação entre  vida e arte.

Um dos pontos cruciais  desta busca trata-se  de tentar enxergar a vida dentro de sua profunda e sutil linguagem simbólica, ainda que o processo seja altamente subjetivo tento  demonstra-lo objetivamente  nestes desenhos,  para tanto me valho de uma linguagem visual simples e direta, monocromática, que tenta equilibrar elementos abstratos e figurativos e principalmente recorre da utilização de diversos elementos simbólicos,  seja individualmente ou em grupo.
A simplicidade das obras se justifica a medida que facilita a interação com os mais diversos públicos, pois disposta em suporte comuns (como papel impresso entre outros...) soam mais familiares que  uma complexa instalação cheia de parafernálias eletrônicas por exemplo, medida que creio ser importante também para não distrair os sentidos e facilitar  a compreensão dos elementos simbólicos mais sutis e  suas narrativas engendradas nos desenhos.


Ainda que  o resultado final das obras se aproxime de muitas linguagens contemporâneas, creio ser fácil perceber o referencial  histórico que as ampara, partindo  do Art’Nouveau e passando pelo Simbolismo , Surrealismo, Renascimento  e por fim  tentando tocar as fontes primevas e essenciais das tradições clássicas (Grécia , Roma, Egito e Índia védica), ainda que neste momento meu processo criativo, e consequentemente minhas obras, não alcancem a primazia de seus predecessores referenciais creio ser de grande valia a busca de construir uma linguagem contemporânea que reaproxime o público de elementos simbólicos mais profundos, cumprindo assim um papel de certa forma pedagógico de refinar o olhar do expectador aos poucos, provocando a reflexão pelo diálogo e não pelo impacto (visual).


Outro ponto interessante, que já usei com relativo sucesso em séries anteriores, foi a criação de padrões modulares que se encaixam a partir de um único elemento replicado ou elementos diversos entre si,  nesta  série o desenho “Gráfico Evolutivo” apresenta tal característica, o que permite uma composição com incontáveis elementos, onde a restrição é somente o espaço disponível. O emprego de padrões como este permite que o mesmo desenho seja aplicado  como arte ornamental por exemplo, através de azulejos, faixas decorativas e papéis de parede entre outros, esta possibilidade  faz com que estes desenhos se aproximem do conceito de “arte total”, muito explorado pelo movimento Art’Nouveau (entre outros), onde a interação  com arte transcende o objeto, podendo assim se fazer presente na arquitetura e no design de artefatos cotidianos, considerados como meramente utilitários ou decorativos. Tal estratégia é muito bem vista de minha parte, pois combate o caráter segregacionista que arte contemporânea vem tomando, associando a qualidade da expressão artística  à complexidade (ou bizarrice) da técnica e/ou suporte  utilizados, confinando  a arte às galerias e museus específicos, geralmente vistos pelo senso comum como um lugar para “iniciados”, intelectuais  e acadêmicos “profundamente versados”, nesta ou naquela categoria.



quarta-feira, 28 de junho de 2017

sexta-feira, 9 de junho de 2017

PARTITURA ORNITOLÓGICA


Não sei quem rege a sinfonia dos pássaros, mas sei que o encanto de tantos que cantam ao mesmo tempo não são em vão, ao menos à minha busca eles servem de alento.




vista geral do painel, abaixo os elementos são mostrados individualmente.






SEMENTINHAS... BROTANDO...


 Nestes dias frios de desesperança algumas semente começaram a brotar, ainda falta muito para as desabrocharem as flores solares, mas ao menos esses brotos despontam como estrelas em meio a uma noite nublada.
 E mesmo que ao amanhecer o sol se envolva em um véu de nuvens e pela tarde a chuva e o vento levem as pétalas da roseira, as estrelas ainda vão tilintar suas esperanças, como uma debutante envergonhada, feliz, encabulada sim, mas ainda assim muito feliz...

 Em meio a cenas como essa renovo minhas esperanças, tremeluzentes e ainda semi-cobertas, tal qual as estrelas da noite invernal, mas um bom sinal foi resgatar um velho hábito que me era (e ainda é) muito querido, o de rabiscar e colorir pequenos pedaços de papel, aleatórios e livres, com os fragmentos de boas lembranças, como o capim alto na beira da estrada de terra, as flores que minha tia cultivava na varanda, o raro e belo beijo do beija-flor no fim de tarde, numa luz que fazia arder ainda mais o azul-lilas de suas asas.