sexta-feira, 26 de maio de 2017

COMUM, COMO EU VOCÊ E QUALQUER UM...

Atenção!   O texto abaixo contem ironia, linguagem simbólica e referencias históricas, não recomendado a pessoas sem capacidade de contextualização e interpretação textual, grato pela compreensão.

Comum, como pão na chapa e café preto, como bolacha Maria esquecida no armário.

 Acredito haver um grande trunfo próprio ao ser comum (comum enquanto comunal, semelhante, equivalente a muitos outros...), não sei se isso vale para todo mundo, até porque nem tudo tem o mesmo valor no mundo todo, o fato é que experimento há muito tempo esta recorrente impressão e agora, depois de muita reflexão, vejo esta característica como uma considerável potencia. O ser comum parece prescindir do peso atlântico de ser extraordinário, não há sobre ele muitas expectativas ou cobranças, logo poucas frustrações, alem disso goza de certa liberdade ao criar qualquer coisa que queira, sem a amarração de excessivos olhares e interesses externos, projetando ao seu redor o cenário ideal para usar o efeito surpresa contra pré-julgamentos e pré-conceitos, nesta estratégia desarma facilmente os mais raivosos dedos indicadores.

 O comum parece revestido de uma aura de equilíbrio, desta feita, por não aparentar ser de todo santo ou facínora permite que todos os demais com ele se identifiquem, ao menos um pouco, com alguma afeição discreta, sem ojeriza ou adoração. Parelho a tantos outros, em tantos sentidos, talvez não caiba ao comum uma retenção sob hierarquias rígidas, pois à medida que a coroa não se firma sobre sua cabeça tampouco os grilhões lhe prendem os pés. Levando em consideração que a nobreza é em si mesma uma distinção o comum não pode usa-la para subjugar outros indivíduos, do mesmo modo não permite que o subjuguem, afinal como assemelhado a tantos pelo mundo não há justificativa para sua inferioridade, em suma tanto a servidão quanto a nobreza sustentam-se sobre noções tortas de segregação e hierarquias supostamente incontestáveis,ambas exóticas aos comuns. É valida a ilustração, a fim de reforço, onde se vê  que rei sem coroa é cidadão sujeito à lei, onde senhor de escravos sem cativos é mero criminoso, as distinções que mascaram estes personagens subjazem a sutis convenções sociais, aceitas coletivamente, em geral, de maneira inconsciente e simplória.

 Ainda que pareça fácil e tediosa a vida do ser comum, quando revistada mais minuciosamente, se revela uma aventura diária, onde tanto luta quanto se esquiva, seja dos banais ou dos soberbos, mesmo saltando armadilhas deixa-se fluir pelo passeio, seguindo com palavras assertivas e sorrisos comedidos, sem se prender ou sair em disparada, sobe sem estafa a uma colina segura, avistando do alto os extremados que se engalfinham nos mangues e várzeas. Passada a batalha, o comum é quem socorre os feridos, consola os enlutados, de ambos os lados sem olhar patentes, insígnias ou penachos, sereno sob o manto do silencio vive a glória do herói anônimo, do construtor operativo ,que virtuoso em sua simplicidade, promove a paz sem jamais sujar-se na guerra ignominiosa.  

segunda-feira, 22 de maio de 2017

A ILHA REFÚGIO

Exilados nas águas incertas do cotidiano, finalmente, encontramos um refúgio, uma ilha, brotando firme sobre o mar dos extremos, ainda que desabitada é ao menos habitável, um lugar para descansar os olhos e os braços, que diferente das ilhas de Böklin não se chega a ela depois da morte, ela está dentro de nós, hoje e enquanto houver vida.


A ilha refúgio, Lápis-cera sobre tecido, 138cm X 62cm, 2017


Obs: A tela está à venda, para consulta de valores e forma de pagamento entre em contato pelo e-mail: planoecurva@gmail.com