quinta-feira, 29 de setembro de 2016

DA CLAUSURA AO DESAPARECIMENTO

Imóvel de interesse histórico em Sta. Cruz do sul - RS, demolido em 2014.


Depois do abandono a clausura
Depois da clausura o esquecimento
Do esquecimento a destruição
Seja casa, coisa ou pessoa 
O direito de existir, em matéria ou pensamento
Jamais será em vão










terça-feira, 27 de setembro de 2016

quarta-feira, 7 de setembro de 2016

terça-feira, 6 de setembro de 2016

A SÃ - INTERVENÇÃO EXPOSITIVA



A mão, o mundo e a mudança.
Sinto que interferimos no espaço que nos cerca tanto quanto ele interfere em nós, em um ciclo de mudanças mútuas e intermináveis, sendo assim, talvez caiba a cada individuo tornar sua relação com o meio circundante um ciclo ascendente, de aprimoramento e evolução.
Tal relação com o espaço é inevitável e contínua, seja com uma pegada na areia que a onda leva ou uma muralha que divide nações, de maneira individual ou coletiva sempre mudaremos o mundo a nossa volta. É necessário nos mantermos conscientes deste fato e usa-lo a nosso favor, não só para uma evolução intelectual e subjetiva mas também para aumentarmos hoje a nossas chances de sobrevivência amanhã.           

A exposição, arte e o artista.              
O projeto A Sã – Intervenção expositiva surgiu com a finalidade de apresentar um panorama de minha produção artística desenvolvida nos últimos seis anos, incluindo mais de quinhentas imagens impressas, em composições que misturam desenhos e fotografias.
Os desenhos que formam painéis foram fortemente influenciados pela arte ornamental do séc. XIX, muito utilizada na arquitetura eclética e neoclássica deste período, bem como pela fluidez, abstração e organicidade do estilo Art Nouveau nos primeiros anos do séc. XX, estes painéis e seus padrões são coroados com fotografias de cores saturadas e luz intensa, que encerram como tema comum recortes do cotidiano, desde frutas solitárias até o por do sol em paisagens insólitas. Fotografias estas cridas para tentar mostrar a beleza extraordinária que pode estar escondida nas cenas mais banais, em uma linguagem que tem como referencia o trabalho do fotógrafo americano William Eggleston, que é considerado o pai da fotografia artística em cores.
Mais do que estar sustentado por “estilos” do passado quero propor uma saída para o fazer artístico atual, onde não há mais a necessidade de se atrelar a alguns dogmatismos ,que infelizmente ainda reinam, estar amparado por incontáveis textos acadêmicos e ter a benção de pessoas influentes já não garantem uma boa aparência , por vezes o desejo de aprovação a qualquer preço se manifesta em discursos estéreis e esquizofrênicos.
Acima de tudo quero oferecer uma arte acessível e possível, tal qual as artes decorativas que se integraram a arquitetura e ao cotidiano por tantos séculos, especialmente em espaços públicos e coletivos, sem obrigatoriamente atrelar a arte ao mundo acadêmico ou seu restrito nicho de mercado, mostrando assim que é possível alcançar qualidade e eficácia na arte independente.

  A memória, o tempo e o espaço.
Mais que um evento beneficente (como o nome já sugere) esta exposição se propõe uma intervenção artística, obviamente em uma edificação que não foi criada para abrigar esta atividade, por isso à necessidade de intervir para criar este local de reflexão, para justamente questionar: Qual é o espaço que destinamos ao passado, ao envelhecimento, a memória e a impermanência ? Elementos inseparáveis de nossa existência, que na maioria das vezes ignoramos, fingindo não vê-los em nossos próprios espelhos.
Acredito que a sutileza e subjetividade da arte fazem dela a linguagem universal do inconsciente, portanto uma ferramenta eficaz para desconstruir preconceitos e medos, como alguns que pairam sobre os asilos e abrigos em geral, ainda considerados por muitos como um infeliz depósito de quem está à espera da morte.  Justamente para trazer luz a estas questões que a sede da Asan – Asilo foi escolhida, onde a inserção de arte em suas desgastadas paredes altera a relação com aquele espaço, favorecendo olhares mais reflexivos e abertos não só para as imagens, mas também para os idosos ali amparados, quem sabe assim trazendo belos aprendizados, nestes novos olhares que ali podem surgir.

Só não envelhece quem já morreu.
Quem se recusar a aprender já está morto...
Só não percebeu!