terça-feira, 25 de agosto de 2015

MOSTRAR PARA NÃO PERDER - PARTE 4

 Melhor do que mostrar o que fiz é revelar também o que estou fazendo,  e por tal logo abaixo estão as minhas mais novas imagens, clicadas e tratadas recentemente, semelhantes à algumas da postagem inicial desta série, todas foram clicadas na minha casa, desta vez aqui em  Santa Cruz do Sul,  como num parto natural  nasceram no aconchego do lar, e como se fossem filhos e filhas não as criei pra mim, mas para o mundo, e nessa ideia quero sugerir para quem vier a olhar as recém-nascidas que se manifeste, afinal imagens ( e pessoas ) inertes não servem de nada.
 Depois de longos anos escondendo muito do que fazia temendo as críticas percebi que a pior delas é a indiferença (#clichê), e neste momento de profunda criação e reflexão, estou aberto a qualquer feedback, porque tudo é aprendizado, certamente não vou agradar a muitos, mas o que me interessa é justamente este desagrado, o que tem neste olhar  de diferente? 
Hipocrisias à parte, se achasse o meu trabalho ruim não o mostraria, e justamente por isso a opinião não elogiosa é tão necessária quanto os parabéns, o equilíbrio é fundamental em tudo, e saber ouvir é um bom caminho até ele.

Vale aqui reiterar: 
1- Críticas vazias são desrespeito, e principalmente perda de tempo, de quem faz e de quem recebe.
2- Elogios em excesso são adulação, uma afetação irritante e principalmente falsidade.
3- O que eu espero são opiniões, simples, diretas, sinceras e respeitosas.

É o que tem pra hoje...













quinta-feira, 20 de agosto de 2015

MOSTRAR PARA NÃO PERDER - PARTE 3

 Ah! O sul... Tão controverso quanto amar é a minha relação com o Rio Grande, vim parar por estas bandas por tão nobre sentimento, por mim, por alguém especial e pela falta dele na baixada Cuiabana.  Nunca antes vivi transformações tão intensas  como aqui nas terras gaúchas, nunca me prendi tanto a uma rotina exaustiva de trabalho por pura necessidade, nunca passei tanto tempo recluso de amigos e familiares, mas também nunca fui tão livre, não existem mais desculpas, meus pais não interferem em nada mais na minha vida pessoal, ninguém me obriga a nada, se estudo, trabalho ou fico prostrado na cama ninguém mais se importa, sempre é só uma questão de escolhas, de contas à pagar e uma vida (minha vida!) para construir. 
 Seja na agitada e paulistana Porto Alegre, que com seus tons ocre, um ar de tradicionalismo meio fajuto, que ainda me fazem sentir vivo (e bem), aquela gente toda nas vielas do centro histórico, os espremidos sobrados ecléticos, que como pérolas sujas, se misturam à concretude da modernidade pretensa e deturpada dos novos e velhos espigões, ou talvez na acolhida fria  e desconfiada das calçadas de arenito  vermelho de Santa Cruz do Sul, acolhida que timidamente se aquece, com uns sorrisos de boca fechada e a companhia de outros desajustados como eu, que mais parecem forasteiros em sua terra natal. Ainda há Candelária, Rio Pardo que já visitei, e tantos outros recantos que a janela do ônibus me leva a querer visitar, mas a carteira e o banco de horas do trabalho me impedem. 
 Registrar tudo isso me levou por vezes  às dores da auto-crítica, que agora sem desculpas não dá para atribuir ao lado de fora  a loucura aqui de dentro. Como todo bom gaúcho o sul se revelou forte, por vezes ríspido, mas sincero, objetivo, esperançoso e confiante, que sabe do valor de seu berço, que não importa o quanto o minuano sopre, a primavera dos ipês sempre chega!


















domingo, 9 de agosto de 2015

MOSTRAR PARA NÃO PERDER - PARTE 2

 Eu nem ia postar isso hoje, mas não resisti, olhar estas imagens me fez lembrar dos dias quentes, estranhos e empolgantes em que fiz estas fotos, era setembro pouco antes do meu aniversário, e aquela seria minha derradeira viagem de trabalho junto ao IPHAN, com a Amélia e o Francisco, visitaríamos as ruínas incríveis da grande catedral inacabada, depois documentaríamos o lastimável estado do palácio dos Capitães Generais, este que nunca fora tão "palaciano" assim. 
 Nos hospedamos no hotel Bela Vila, às margens da rodovia que corta a cidade, um hotel barato, e com baratas, ao menos todas que vi estavam mortas, num pátio pouco acessível, onde uma funcionária cuidava dos sacos de lixo. Do espartano hotel às majestosas ruínas da igreja matriz o sol avermelhado pela fumaça das queimadas dava um ar dramático à aquela paisagem, tão avermelhada quanto abandonada, pois o chão (calçado ou não) estava quase sempre coberto pela poeira vermelha da terra ferruginosa, num acúmulo inclusive sobre algumas paredes, como se todos tivessem desistido de varrer aquela poeira grossa que vinha com o vento quente, e não davam trégua. 
 A 6ª e a 12ª fotos foram tiradas no cemitério da cidade, que encontramos tão abandonado quanto resto, numa composição curiosamente bela, árvores floridas anunciando a primavera, lápides toscas que se confundiam com a ruína do antigo complexo militar que ali existiu, talvez mostrando como o abandono cercou a história daquela cidade, do nascimento até a morte. Fundada como a primeira capital da província nos idos de 1700, foi abandonada pelos  habitantes ilustres quando o ouro da região escasseou, ficando os negros fugidos ou libertos como o maior contingente da população, todos miseráveis e à própria sorte, tendo a cidade como uma gigantesca migalha deixada por seus senhores fujões. 















MOSTRAR PARA NÃO PERDER

 Como nunca se sabe o que há de vir, é melhor postar, afinal nos dias de hoje nada mais garantido que a etérea, eterna e infalível nuvem digital, e aqui estou eu no início de uma série de postagens para mostrar um bom tanto das coisas que fiz, claro, só as coisas que olhos podem ver, seja pelo importante registro atemporal da internet ou pelo meu atual desejo de me fazer notar (por minhas criações), vou colocar minhas imagens e suas histórias, aos poucos, porque produção em massa não é comigo... Essas 13 imagens iniciais foram tomadas de diferentes pontos da casa de meus pais, entre 2011 e 2013, onde vivi por exatos 20 anos, a velha casa 368. Pelo que pesquisei, a construção inicial se deu por volta de 1950, com tijolos maciços, revestimento em areia de goma e cal, cobertura de telhas cerâmicas capa e canal feitas artesanalmente, remetendo assim a técnicas já ultrapassadas na época, certamente as únicas disponíveis aos que moravam naquela região não tão nobre. Talvez desde cedo eu já soubesse que para conviver naquele espaço caótico, quase sem janelas, onde as paredes teimavam em mofar e se descascar não importava quantas vezes fossem pintadas, eu teria que olhar pra isso tudo de outra maneira, portanto usar esse caos como subsídio para minha expressão artística foi a saída para me relacionar com esse espaço que habitei por tanto tempo.  Sou muito grato a tudo que aquela casa me proporcionou, se não havia conforto ao menos havia liberdade, desapego, e toda goteira que me irritava era um lembrete que aquele não era meu lugar e que ganhar o mundo é um dever, uma necessidade.