quinta-feira, 1 de dezembro de 2016

FENESTRAÇÃO




Foi na alcova fenestrada, 
que fui de flor à fera.

Elevados no roseo da escada,
sentimos o velho eco da bela era.

Desejos, foto e palavra, não ouvida, nem falada...
Úmido abraço, delícia de quem não espera!

No banho palaciano, a vista vidrada luzia a pele marcada.
Sons e sinais, da refrega estranha e da volúpia sincera!

E lá se foi, depois da despedida engasgada.
Ao esvaziar o ar do seu cheiro, anulou minha primavera.

Depois das reflexões embaçadas, mais nada.
E foi ali, naquela feliz alcova fenestrada,
que me fiz, ao ver a chuva na matriz,
mais comum e humano, do que eu era.

Nenhum comentário:

Postar um comentário