quinta-feira, 20 de agosto de 2015

MOSTRAR PARA NÃO PERDER - PARTE 3

 Ah! O sul... Tão controverso quanto amar é a minha relação com o Rio Grande, vim parar por estas bandas por tão nobre sentimento, por mim, por alguém especial e pela falta dele na baixada Cuiabana.  Nunca antes vivi transformações tão intensas  como aqui nas terras gaúchas, nunca me prendi tanto a uma rotina exaustiva de trabalho por pura necessidade, nunca passei tanto tempo recluso de amigos e familiares, mas também nunca fui tão livre, não existem mais desculpas, meus pais não interferem em nada mais na minha vida pessoal, ninguém me obriga a nada, se estudo, trabalho ou fico prostrado na cama ninguém mais se importa, sempre é só uma questão de escolhas, de contas à pagar e uma vida (minha vida!) para construir. 
 Seja na agitada e paulistana Porto Alegre, que com seus tons ocre, um ar de tradicionalismo meio fajuto, que ainda me fazem sentir vivo (e bem), aquela gente toda nas vielas do centro histórico, os espremidos sobrados ecléticos, que como pérolas sujas, se misturam à concretude da modernidade pretensa e deturpada dos novos e velhos espigões, ou talvez na acolhida fria  e desconfiada das calçadas de arenito  vermelho de Santa Cruz do Sul, acolhida que timidamente se aquece, com uns sorrisos de boca fechada e a companhia de outros desajustados como eu, que mais parecem forasteiros em sua terra natal. Ainda há Candelária, Rio Pardo que já visitei, e tantos outros recantos que a janela do ônibus me leva a querer visitar, mas a carteira e o banco de horas do trabalho me impedem. 
 Registrar tudo isso me levou por vezes  às dores da auto-crítica, que agora sem desculpas não dá para atribuir ao lado de fora  a loucura aqui de dentro. Como todo bom gaúcho o sul se revelou forte, por vezes ríspido, mas sincero, objetivo, esperançoso e confiante, que sabe do valor de seu berço, que não importa o quanto o minuano sopre, a primavera dos ipês sempre chega!


















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